Como é Feito o Diagnóstico do TDAH
Você já se pegou perguntando se tem TDAH? Talvez porque esquece onde colocou as chaves, perde prazos ou sente que sua mente nunca para?
O TDAH sempre existiu, mas a forma como olhamos para ele mudou muito com o tempo. Antes, crianças inquietas ou distraídas eram apenas rotuladas como “não aprendem” ou “desobedientes”. Hoje, sabemos que o transtorno tem base neurológica e genética, afetando não só crianças, mas também muitos adultos que passaram a vida sem saber por que tudo parecia mais difícil para eles.
Mas afinal, como os profissionais sabem quem realmente tem TDAH? Se essas dúvidas já passaram pela sua cabeça, leia até o final esse artigo. Vamos falar sobre os critérios de diagnóstico e os desafios enfrentados por quem passa a vida tentando entender por que o mundo parece exigir um funcionamento que simplesmente não vem de fábrica.
Como os Profissionais Diagnosticam o TDAH?
Diferente de um exame de sangue que confirma um colesterol, o TDAH não pode ser detectado com um teste único. O diagnóstico é clínico, ou seja, feito por um profissional especializado, para que possa analisar os sintomas, histórico de vida e impacto no dia a dia da pessoa.
Por Que a Infância é Tão Importante no Diagnóstico?
O DSM-5, um dos principais manuais de diagnóstico, diz que para alguém ser diagnosticado com TDAH, os sintomas precisam ter começado na infância. Isso significa que não dá para “desenvolver” TDAH na vida adulta , ou devido a correria ou estresse do dia a dia, ele já estava lá desde cedo, só que nem sempre foi reconhecido.
Além disso, o TDAH é hereditário. Pesquisas indicam que cerca de 70 a 80% dos casos têm origem genética. Ou seja, se um dos pais tem TDAH, a chance de um filho também ter é bem alta. Se o seu filho foi diagnosticado com TDAH vale a pena investigar quem tem esses traços na família, provavelmente vão identificar com o pai ou a mãe e até mesmo pode ser alguns dos avós ou tios.
Por isso, na hora do diagnóstico, o profissional pode perguntar:
Como você era ou é na escola? Tinha dificuldade para prestar atenção? Perdida nas tarefas?
Você já foi chamado de “distraído”, “avoado” ou “agitado” desde pequeno?
Há alguém na sua família com sintomas parecidos, mesmo que nunca tenha sido diagnosticado?
Essas perguntas ajudam a diferenciar TDAH de outras condições, como ansiedade e depressão, que também podem afetar a atenção.
Vamos Falar Sobre Os Três Tipos de TDAH
TDAH Predominantemente Desatento
Vive no “mundo da lua” e perde detalhes importantes.
Esquece compromissos e prazos com facilidade.
Dificuldade para manter o foco em conversas ou leituras.
20 exemplos do TDAH Desatento na vida real:
1. Sai de casa e esquece o celular ou a carteira.
2. Começa a lavar a louça, mas para no meio porque viu algo mais interessante.
3. Deixa um café esfriar porque se distraiu mexendo no celular.
4. Precisa ler a mesma página de um livro várias vezes para entender.
5. Abre várias abas no computador e esquece por que abriu algumas delas.
6. Tem dificuldade de lembrar de datas importantes, como aniversários.
7. Começa um projeto novo com empolgação, mas logo perde o interesse.
8. Se perde no caminho, mesmo indo a um lugar onde já esteve antes.
9. Compra algo e depois percebe que já tinha em casa.
10. Perde tempo procurando coisas que acabou de colocar em algum lugar.
11. Vai ao mercado para comprar um item essencial e volta com várias coisas, menos o que precisava.
12. Deixa e-mails importantes sem resposta porque esqueceu de responder na hora.
13. Tem dificuldade em seguir receitas sem se perder nos passos.
14. Chega atrasado porque subestimou o tempo necessário para se arrumar.
15. Planeja estudar, mas começa a mexer no celular sem perceber.
16. Sai de um cômodo para buscar algo e, ao chegar lá, esquece o que era.
17. Tenta ouvir um podcast, mas percebe que não prestou atenção em metade do que foi dito.
18. Anota lembretes para não esquecer de algo, mas depois esquece onde anotou.
19. Se sente exausto depois de um dia de trabalho porque gastou muita energia tentando se concentrar.
20. Tem dificuldade em lembrar nomes de pessoas que acabou de conhecer.
TDAH Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
Agitação constante, mexendo mãos e pés o tempo todo.
Fala sem parar e tem dificuldade em esperar sua vez.
Toma decisões impulsivas sem pensar nas consequências.
20 exemplos do TDAH Hiperativo-Impulsivo na vida real:
1. Fala sem parar e muitas vezes corta as pessoas no meio da conversa.
2. Tem dificuldade em ficar sentado por muito tempo, mexendo-se constantemente.
3. Toma decisões financeiras impulsivas, comprando algo caro sem pensar nas consequências.
4. Termina frases das outras pessoas porque não consegue esperar elas terminarem.
5. Está sempre batucando na mesa, mexendo os pés ou brincando com canetas.
6. Entra em discussões porque fala sem pensar.
7. Dirige de forma impulsiva, acelerando sem necessidade.
8. Sai no meio de reuniões porque sente uma necessidade incontrolável de se mexer.
9. Troca de atividade constantemente porque não consegue focar em uma só.
10. Tem dificuldade em esperar na fila sem sentir irritação ou impaciência.
11. Faz promessas no calor do momento e depois percebe que não consegue cumpri-las.
12. Esquece que combinou algo e marca outro compromisso no mesmo horário.
13. Come comida quente sem esperar esfriar e acaba se queimando.
14. Levanta várias vezes durante um filme ou evento porque não consegue ficar parado.
15. Envia mensagens sem pensar e depois se arrepende.
16. Sai para resolver algo e no caminho decide fazer outra coisa completamente diferente.
17. Inicia conversas em momentos inadequados, sem perceber que está interrompendo.
18. Assume riscos desnecessários em esportes ou atividades físicas.
19. Se entedia facilmente e busca sempre algo novo para se distrair.
20. Quando quer algo, sente uma necessidade urgente de ter imediatamente, sem conseguir esperar.
TDAH Tipo Combinado
Apresenta características dos dois tipos anteriores.
20 exemplos do TDAH Tipo Combinado na vida real:
1. Tem uma gaveta cheia de cadernos e planners começados, mas nunca usados até o fim.
2. Sabe que precisa estudar, mas só consegue começar quando o prazo já está em cima.
3. Compra um livro e já quer comprar outro antes de terminar o primeiro.
4. Está sempre pulando de um hobby para outro sem aprofundar em nenhum.
5. Abre várias guias no computador e depois esquece o que estava fazendo.
6. Começa a organizar algo e, no meio do caminho, se distrai e começa outra tarefa.
7. Tem dificuldade em planejar viagens porque tudo parece confuso.
8. Quer mudar a vida completamente de uma hora para outra e depois desiste.
9. Come algo sem perceber e, quando vê, já acabou tudo.
10. Se esquece de pagar contas porque perde a noção do tempo.
11. Está sempre “atrasado” mentalmente, mesmo quando chega no horário.
12. Muda os móveis de lugar no impulso e depois percebe que ficou pior.
13. Faz compras por impulso e depois sente culpa.
14. Se empolga para começar um novo projeto, mas perde o foco rápido.
15. Está sempre mudando aplicativos e métodos de organização.
16. Pula etapas das tarefas porque quer.
O Conhecimento é Libertador
Se tem uma coisa que a história do TDAH nos ensina é que muita gente passou a vida inteira achando que era apenas “desorganizado” ou “incompetente”, sem saber que havia uma explicação para aquilo.
O diagnóstico não é sobre colocar rótulos. É sobre entender sua forma única de funcionar e encontrar maneiras de viver melhor com isso. Portanto se você sente que sempre teve dificuldades para manter o foco, organizar tarefas ou controlar impulsos, é importante buscar ajuda profissional, podendo ser um divisor de águas na sua vida.
Procure um psicólogo ou psiquiatra para que possa te orientar e assim buscar os passos seguintes para um tratamento adequado.
